Envoltos de uma mantinha, com uma chávena de chá fumegante na mão e umas bolachinhas de edição especial que nunca vão estar a venda:)
Tudo isto a ver uns episódios de uma série, como o Carnivalé (para os fiéis seguidores).
Mas enquanto espero por um momento destes, porque o fim de semana está ainda para chegar, navego por aqui e por ali.
Encontrei este poema e gostei. Porquê? Porque sim.
Viver sempre também cansa!
O sol é sempre o mesmo e o céu azulora é azul,
nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhose ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima, os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe, automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima de um divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas por mim, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com o teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordara
Morte ainda menina no meu colo...
José Gomes Ferreira (1900 - 1985)
Nota: Discordo nalguns pontos entre os eles no do céu.
Há dias em o céu não é o mesmo...há um momento que torna a sua cor inesperada. ~
É mais céu!É mais (m)Eu.
1 comentário:
É um ponto de vista interessante este poema. Também discordo dele em alguns aspectos, mas gostei do poema na mesma.
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